Pavilhão do Brasil na Expo Osaka
Japão - JP
2022

"O futuro é ancestral e a humanidade precisa aprender com ele a pisar suavemente na terra”

Ailton Krenak

Toda nação é fruto das relações sociais entre as diferentes culturas, as quais conciliam uma infinidade de camadas históricas que se acumulam sobre um recorte de solo geográfico. Evocar a potência de um país no que tange o empoderamento de seu povo deve, portanto, passar pelas formas como este se relaciona com o lugar onde se situa e através do qual transforma a realidade a sua volta, imprimindo no mundo a sua marca. Ao aproximar do registro físico essencial de um território, a terra figura como elemento que dá unidade simbólica às diferentes culturas que por mais de cinco séculos constroem o Brasil. Ao transformá-la em termo, é a terra que acionamos no discurso para definir o chão que pisamos e classificar o planeta em que vivemos. É a matéria prima da cerâmica, do tijolo, da parede e - de acordo com os preceitos bíblicos - do próprio homem. Na terra brasileira existe a maior biodiversidade do mundo, com seis biomas e cerca de 20% das espécies do globo.

É o sustentáculo e o abrigo da vida.

Terra farta e produtiva, convertida em ferramenta, que tudo se planta e colhe e tem a capacidade de alimentar o mundo. É o território de oportunidades, que motiva deslocamentos, acolhe a esperança e inspira a vontade de fincar os pés e criar raízes. É sobre as múltiplas tonalidades e texturas encontradas nesta terra, que se apoia a nossa proposta para o Pavilhão do Brasil na Expo de Osaka.

ARQUITETURA

A permeabilidade e leveza construtiva possibilita que sejam percebidos os movimentos dos usuários por dentro do edifício, indo de encontro com o nosso desejo de colocar as pessoas como o epicentro da arquitetura. A arquitetura e o corpo se complementam e se definem. A intenção arquitetônica do pavilhão é transportar o visitante do Japão para o Brasil. A materialidade da edificação une a utilização de insumos naturais aliados às mais recentes inovações tecnológicas, cuja paleta de cores naturais reproduz a mesma sensação de aconchego vivenciada por Tomie Ohtake ao chegar no Brasil. Enquanto o Japão da juventude da artista tinha uma atmosfera triste por conta dos vastos telhados cinza, Tomie sentiu uma uma alegria de tonalidade amarelada ao respirar o ar brasileiro.

O sistema construtivo adotado é em madeira, justificado por sua sustentabilidade.
Dentro desta ótica destaca-se a característica renovável da madeira frente ao concreto e ao aço, e a possibilidade de sequestro de carbono, tanto na exploração da madeira de reflorestamento quanto no manejo sustentável, o que traz às edificações um caráter de reserva de carbono.
O Brasil é um dos maiores exportadores de madeira no mundo, com grande potencial na produção da madeira engenheirada. Com média de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) entre o período de 2010 a 2021, o setor madeireiro situa-se em meio aos mais importantes no cenário nacional. Entre as atividades características do setor industrial, a indústria madeireira ocupa a 5ª posição dentro do mercado brasileiro, atrás apenas do setor construtivo, de serviços e metal-mecânico.

Entre os usos da madeira estão os processos engenheirados, com aplicação na madeira de reflorestamento e que traz uma nova perspectiva do seu uso como elemento estrutural a partir da Madeira Lamelada Colada (MLC) e a Madeira Lamelada Cruzada (MLCC). Tais elementos são composições entre lamelas de madeira coladas sob pressão e que buscam vencer as limitações da madeira serrada convencional, tal como a geometria e os efeitos das suas imperfeições naturais. Conjuntamente a isto soma-se o fato de que a madeira engenheirada avança na permissão de um processo executivo industrializado, a partir da sua produção em fábrica e instalação direta em canteiro de obra.
Os painéis e tubos cerâmicos que compõem as fachadas desempenham um duplo papel: um técnico de eficiência energética e conforto ambiental através da ventilação de todo o perímetro edificado e do controle da luz natural que inunda o espaço; e outro conceitual de fortalecimento e exaltação das muitas tonalidades dos solos brasileiros.

Concurso Público Projeto de Arquitetura e Expografia Pavilhão do Brasil na Expo Osaka

Pagus Arquitetura + Algum Estúdio + Studio Mees + Baraúna Soluções Estruturais

equipe:
Arq. André Bihuna, Arqª Mariana Gusmão, Arq. Juliano Monteiro, Arqª Mayara Vieira de Souza, Arq. Gustavo Paris, Arqª Gabriela Koentoop, Engº. José Carlos Gomes Filho e Engº. Cladilson Nardino

estagiários:
Leonardo Costa Monte, Giulia W. Favaro e Gustavo S. Petrelli



        
Curitiba, Brasil